Filmes de vampiro sempre me deram muito medo. Na verdade, qualquer filme de terror sempre me deixava muito impressionado durante e depois da sessão. Não sei se é uma coisa própria da juventude, aquela coisa de ser muito influenciável, mas, fato é que ficava muito assustado. E, mesmo assim, como todo medroso, continuava indo aos cinemas para ver fenômenos do além e quase me borrar nas calças.
Ler Drácula de Bram Stoker, claro, me fez pensar em todo este processo que tive que passar e a superação do medo que só chegaria com a maturidade. A obra do escritor Irlandês é uma maravilha. Um resumo de tudo o que lemos e assistimos ao logo dos últimos 100 anos envolvendo aquela figura sinistra e elegante. Todos os conceitos criados em torno do tema estão ali na obra de Stocker.
![]() |
Meu exemplar |
Uma
curiosidade sobre a história é que, em 1922, o diretor alemão
Friedrich Wilhelm Murnau, lançou
o filme Nosferatu. A obra foi baseada no livro de Stoker, no
entanto, os produtores do filme tiveram que fazer algumas alterações
no enredo e em nomes de personagens. Ocorre que, a viúva do
escritor era a
proprietária intelectual
da obra e negou vender os direitos autorais da história. Por
isso, foi necessário mudar o nome do filme e até o nome do vampiro
que foi rebatizado para Conde Orlock, um corcunda,
careca, com orelhas pontudas, unhas grandes e dentes assustadores. Igual a imagem que aparece na capa de meu exemplar.
Como eu disse está tudo lá na obra original. Até mesmo a referência a Nosferatu aparece no texto de Stoker para lembrar que se trata de um sinônimo para vampiro em língua húngaro-românica.
Estão lá a ideia do uso de alho para espantar, a estaca no coração e decepagem da cabeça para aniquilar a fera.
Bram Stoker também criou outro personagem no livro que virou filme mais recentemente. Trata-se de um especialista em vampiros, chamado Abraham Van Helsing que, no livro, é solicitado por um amigo para ajudar na caçada ao conde. O personagem, não por acaso, carrega o mesmo nome do autor, uma vez que Bram é uma redução do nome original Abraham.
Ao ler o livro, fique atento à narrativa. O autor foi muito criativo ao colocar as falas dos personagens a partir dos diários de cada um deles e de cartas trocadas entre amantes e amigos.
Enfim, Drácula, publicado em 1897, ainda é uma grande referência literária. Ao lê-lo não se assuste ou, melhor, não se decepcione ao perceber que o Drácula mesmo aparece pouco durante a história. No entanto, o medo está sempre presente em todas as páginas enquanto aquele grupo parte para a grande caçada. E eu me assustei só um pouquinho.