quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O Poder dos Quietos

     Assisti a uma palestra com a escritora Susan Cain falando de “O Poder dos Quietos” no TED, instituição norte-americana que oferece palestras grátis na internet. Na rápida apresentação, característica destas palestras, ela me fisgou com o tema. Quando disse que possuía um livro no qual ampliava ainda mais a discussão, eu me interessei e logo encomendei a obra. O Poder dos Quietos (2017) foi uma grande revelação. Eu sempre fui o tal do aluno “invisível” em sala de aula. Ficava lá no fundão e não abria a boca pra nada. Quando era chamado para falar alguma coisa, eu mudava de cor, sentia falta de ar e a voz saia com dificuldades.

    Susan Cain me revelou algo que eu precisava saber há muito tempo. Segundo ela, não só em relação ao ser humano, mas, ao reino animal, de um modo geral, um terço das populações tem este comportamento introspectivo. O exemplo dos peixes ao redor do anzol talvez seja o melhor para explicar. Sempre há aquele grupo que se lança imediatamente para pegar a minhoca e há uma parte que fica rodeando a situação para atacar quando tudo estiver mais calmo. Estes últimos fazem parte do um terço que “pensa” muito antes de entrar em ação. 


     Em relação à sala de aula, ela diz que, não raro, os “quietos” são bons alunos, estudiosos, concentrados e que não atrapalham o andamento da lição do professor, mas sofrem com a pressão para serem o que não são, ou seja, crianças extrovertidas e com boa capacidade de expressão. São até hoje alvo de bulling dos colegas e mesmo de professores despreparados. Senti na pele muitas situações narradas pela autora. As boas notas que tirava quase nunca foram suficientes para fazer os professores entenderem que o meu potencial era aquele ali, o de um aluno quietinho, mas concentrado e que aprendia muito com os outros colegas.

     Susan Cain afirma que se trata de pessoas que gostam de escutar a falar, ler a ir a festas; que inovam e criam mas não gostam de autopromoção e que são responsáveis por muitas das grandes contribuições à sociedade.

    Depois que me tornei professor, pude aplicar esse conhecimento em sala de aula ao entender melhor como funciona a cabeça deste tipo de aluno. Tentei respeitar o tempo de cada um, mesmo nas aulas de oratório quando chegava o grande momento.

    É mais uma obra pra gente, sem alarde, bem quietinho, quase invisível, começar a ler e se conhecer um pouco mais. Os livros têm poder!


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