quinta-feira, 12 de agosto de 2021

Mirapólvora e Miraflores, canhões e flores

     Mirapólvora e Miraflores ficaram na minha cabeça. Minha memória não é precisa sobre o primeiro livro que li na minha vida. Mas, aquele resumo que tivemos que fazer sobre o clássico de Maurice Druon, na sexta série do ginásio, me obrigou a ler o Menino do Dedo Verde de cabo a rabo. Foi assim, por obrigação, que li um livro completo na adolescência. E talvez tenha mesmo sido esta a minha primeira leitura de uma obra literária. Aquilo não mudou minha vida, não me deu um novo rumo, não me tornou um leitor voraz, continuei sendo um aluno mediano de pouca leitura. Mas, a história de Tistu em sua cinzenta Mirapólvora, que viraria a florida e ensolarada Miraflores, ficou gravada em mim para sempre. O dedo mágico que fazia surgir flores em tudo o que tocasse deixou a gente imaginando jardins imensos e flores de todas as cores.

    Para aquele exercício de aula, a professora dividiu a turma em grupos de quatro ou cinco alunos. Cada qual com uma obra literária específica.  Sem muito preparo para isto, acabou que o resumo feito a várias mãos concorreu em volume com a obra original. A escrita à mão tomou várias folhas duplas de papel almaço pautado. Não recordo se obtivemos um bom conceito com a mestra, mas lembro das tentativas de dar cabo à tarefa e a minha percepção de que havia sido o único da equipe que realmente tinha lido a história completa.


 

    Foi por impulso que certa vez comprei uma velha edição do romance, num sebo de Curitiba, publicada em 1976, já em estado delicado de conservação. Guardo comigo o exemplar até hoje que serve como uma janela para relembrar um tempo da vida de pouquíssimas leituras, muito futebol e brincadeiras de rua. Mirapólvora e Miraflores, canhões e flores. 

    Registrar lembranças de leituras, registrar momentos e dizer como é importante começar a ler desde a tenra infância para o ato de ler não ser apenas uma obrigação escolar;  Talvez sejam estes os propósitos deste blog, também não sei. Escrevo, só.


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