Se não me falha a memória (expressão que cada vez faz mais sentido), o primeiro livro que li e que também virou filme foi Golpe de Mestre (1973/74). Neste caso, especificamente, a história foi escrita para o cinema antes e, depois, virou livro. Mas, a ordem dos tratores aqui não importa muito. O que quero abordar é minha experiência de primeiro ler e, depois, assistir na tela.
Acho
que saia da adolescência e havia lido um dos raros livros que caíra
em minhas mãos naquele momento de minha vida. Além disso, nos
anos 1970, numa cidade do interior, os filmes demoravam muito para
chegar. Eram exibidos, praticamente, um ano após terem sido
lançados, ou, até mais. Então, relevemos um pouco a certeza das datas.
Fui ao cinema com grande expectativa e com a história que li ainda fresquinha em minha memória. A história de dois grandes malandros de Chicago, no período pós depressão norte-americana, em meados dos anos 1930, e que planejaram um grande golpe, o Golpe de Mestre, pra cima de um dos maiores gangsters do país. O filme retrata o período duro que os norte-americanos viviam com fome, desemprego, Lei Seca e jogatinas com vigaristas aplicando golpes uns nos outros.
Aos poucos fui percebendo que a história, apesar de seguir basicamente o que estava no livro, não repetia perfeitamente o enredo da obra escrita. Um misto de admiração e decepção apesar do excelente filme que assistia. Esperava saber passo a passo o que aconteceria. Mas, qual nada. Até o final da história foi diferente.
A experiência, claro, mais tarde, mostrou seu valor. O cinema se inspira em histórias escritas para criar em outro formato, praticamente, uma nova história. Um filme nunca será igual ao livro.
Sei que li um bom livro e vi um excelente filme, vencedor do Oscar em sete categorias com atuações memoráveis da dupla Paul Newman (Henry Gondorff) e Robert Redford (Johnny Hooker).
Recentemente, ao buscar informações para este texto, encontrei a informação de que o roteirista do filme, David S. Ward, montou o enredo inspirado em fatos reais protagonizados pelos irmãos Fred e Charley Gondorff que estão documentados por David Maurer em seu livro The Big Con: The Story of the Confidence Man.
Posteriormente,
li outros livros que viraram filme e vice e versa e, evidentemente,
nunca mais esperei ver a história se repetir perfeitamente na tela, o que, convenhamos, seria meio chato.
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