Num dia frio, em meio a um vento cortante e brava nevasca, numa cidade pequena da Inglaterra, num modesto hotel de madeira, chega um homem encapotado, de chapéu e com bandagens brancas cobrindo o rosto. Talvez não soe parecido com a história que você conhece, mas este é o início do clássico “O Homem Invisível”, de autoria de Herbert George Wells, escrito em 1897, tantas vezes referenciado, especialmente no cinema. Na história original, o personagem principal, cujo nome demora para ser revelado, se vê às voltas para conseguir se beneficiar da situação criada a partir de uma experiência científica ao mesmo tempo em que vai se tornando cada vez mais irascível na busca de um antídoto para a “maldição da invisibilidade” que o isola da vida em sociedade.
A primeira versão para a tela grande, produzida em 1933, foi num tempo em que o cinema ainda engatinhava em termos de som. O icônico “O Cantor de Jaz”, de 1927, possuía algumas falas e cantos sincronizados com disco de acetato, sendo considerado o primeiro longa sonoro da história. Menos de seis anos depois, “O Homem Invisível” chegava às telas ainda com atores fazendo aquela exagerada interpretação teatral, resquício do cinema mudo quando a ênfase nas expressões eram necessárias para o púbico poder compreender melhor.
O filme em relação ao livro segue praticamente o mesmo enredo com a inclusão de personagem feminina, noiva do protagonista, inexistente na história original. O efeito especial para caracterizar a invisibilidade, imagino, para a época, tenha causado grande impacto e ainda hoje pode ser considerado bom.
Mas, a criatividade do autor aliada ao seu lado cientista criou uma narrativa que supera em muito a obra cinematográfica. O escritor inglês, morto em 1946, foi destacado biólogo e professor universitário. Mais do que um livro de terror, na verdade, não é terror, a trama combina humor, questionamentos sobre o comportamento humano, desprezo e solidão.
Depois do primeiro filme, surgiram muitas outras versões para “O Homem Invísivel”. Cada uma delas com bastante criatividade e qualidade. No entanto, o livro, a ideia original, de Wells, permanece, visivelmente.
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