segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

A Reprodução – Meu conceito favorito de Pierre Bourdieu

 

   Foi numa aula de Mestrado em Educação com a minha querida professora Leda Scheibe que fui apresentado ao teórico francês, Pierre Bourdieu. O autor acabou se tornando chave para o pensamento que desenvolvi em meu trabalho final e, rapidamente, tornou-se meu favorito quando assunto era educação. Certos aprendizados são para sempre, aqueles em que o pensador descortina uma nova realidade e faz uma revelação. Pois bem, foi isso.

    Impossível parece falar de Bourdieu sem citar seu famoso “A Reprodução”. Longe de mim querer fazer um resumo do livro ou me aprofundar em algum aspecto. São coisas para gente capacitada realmente, o que não é meu caso. Quero falar de um ponto específico de seus estudos e que, creio, seja basilar do teórico francês e que surge nesta obra.

    Há um conceito comum a vários autores, mas foi com Bourdieu que compreendi melhor. A ideia de que as escolas foram criadas para atender os filhos da elite pode ser encontrado em muitos livros. Foi durante a Revolução Industrial, na Europa, que as escolas, no formato que conhecemos hoje, começaram a surgir. Uma necessidade sentida pelos donos de fábricas e comerciantes que queriam educar os filhos.

    Para Bourdieu, de lá pra cá, isto não mudou quase nada. Em suas pesquisas de campo apontou que estudantes oriundos de realidades privilegiadas eram os que conseguiam a maioria das vagas em universidades e os melhores desempenhos. O mesmo poderia ser dito sobre ensino dos primeiros anos, onde alunos originários de lares com cultura escolar, ou que tivessem herança cultural associada à herança econômica, teriam mais facilidade no processo de alfabetização. Não é difícil imaginar as vantagens para alguém que tenha acesso a livros em casa desde a tenra infância.

Pierre Bourdieu

    O autor conclui, então, que a estrutura existente está aí para reproduzir a realidade e, não, para alterá-la. Até mesmo as exceções fariam parte do jogo, servindo como argumento “do sistema” para iludir os que estão fora do topo. As minúsculas mudanças servem para dizer que o sistema funciona. Se não funciona pra você, o problema não é o sistema, é você.

    É mais ou menos o que concluiu seu conterrâneo Thomas Piketty que ficou famoso ao provar que o capitalismo, deixado a si mesmo, concentra riqueza e não o contrário, criando ricos por herança, não por trabalho de cada um.

    Bourdieu é para mim um teórico brilhante. Suas ideias realmente causaram e causam ainda grande impacto.

    No entanto, lê-lo requer paciência e um interesse genuíno.

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