quinta-feira, 4 de novembro de 2021

Sapiens – Uma breve história da humanidade ou a história do terrorista do ecossistema?

 

    Ler Sapiens – Uma breve história da humanidade (2011), de Yuval Noah Harari foi, no mínimo, intrigante. Logo de cara ela faz um relato revelador sobre a característica devastadora do homo sapiens ao longo de sua evolução enquanto se espalhava pelo planeta. Segundo o autor, as primeiras vítimas teriam sido as outras espécies humanas como os neandertais que desapareceram na disputa pelo meio ambiente. Assim como conhecemos diversas espécies de ursos ou felinos, por exemplo, havia espécies diferentes de humanos. O homo sapiens atravessou o oceano para chegar a Austrália e transformar o ecossistema do continente, fazendo desaparecer a megafauna composta por animais como cangurus de 200 quilos e coalas gigantes. A epopeia humana seguiu para a América, onde os caçadores coletores dizimaram dezenas de grandes espécies, entre elas, mamutes, mastodontes e o tigre-de-dente-de-sabre.

    Harari não perdoa a espécie humana e a qualifica, ao final, de terror do ecossistema. E assim, segue na tentativa de resumir o processo evolutivo humano.

Obras como esta, tão ricas em informação, podem causar impactos diversos no leitor conforme os preconceitos de cada um. Cada um se envolve ou se deixa envolver por este ou aquele aspecto. É possível encontrar no livro uma teoria interessante defendida pelo autor ao concluir que a humanidade era mais feliz antes do período agrícola. Os caçadores-coletores levavam uma vida mais saudável. A ideia de que os agricultores levavam uma vida farta e agradável é uma fantasia, diz ele no capítulo “A maior fraude da história”.

    A partir de 70 mil anos atrás o homo sapiens desenvolveu novos saberes e novas formas de comunicação tornando-se, assim, o ser humano de nossa atualidade. Antes disso, surgiu o desafio de adaptar-se a posição ereta. As mulheres sofreram mais, pois andar assim exigia quadris mais estreitos, apertando o canal do parto, por exemplo. É por isso que no ser humano ocorre um nascimento dolorido e precoce. Mesmo sem estar pronto, o bebê é obrigado a nascer. Enquanto em outras espécies os filhotes saem caminhando e até trotando, os humanos são extremamente frágeis.

    Por fim, fica uma discussão interessante e sempre atual sobre a criação da inteligência artificial e a busca pela imortalidade, desejos alimentados pela eterna insatisfação humana.

    Que livro!!


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