Quando assisti "Apocalipse Now" (1979), provavelmente em um cinema de Porto Alegre, em 1980, onde morava, não fazia a menor ideia do processo conturbado de produção e dos bastidores malucos que envolveram o filme. Tampouco sabia tratar-se de uma obra baseada no romance do escritor britânico de origem polonesa, Joseph Conrad, O Coração das Trevas, no original Heart of Darkness (1902). Fui atraído pela grande propaganda existente e comentários a respeito da trilha sonora roqueira com Rolling Stones, The Doors e Credence. Dizem que o diretor Francis Ford Coppola usou muito improviso durante as gravações, alterando e incluindo cenas e falas na noite anterior às filmagens. Para tanto, levava por toda a parte o livro de Conrad.
Quando li O Coração das Trevas fiquei muito admirado com a narrativa e magnetizado pela história depois de saber da relação com o filme. Queria ler rapidamente para conhecer os detalhes do romance inspirador de Coppola.
Na história original, o Capitão Marlow é incumbido de realizar uma viagem à procura de Kurtz, um comerciante de marfim que teria enlouquecido nas florestas africanas do Congo Belga. Na película,o capitão do exército norte-americano, Benjamin Willard, navega numa barcaça pelas florestas do Vietnã, em busca de um oficial de nome Kurtz.
Ao concluir o filme, o diretor resumiu o inferno que foi a produção da obra: “Meu filme não é sobre o Vietnã, meu filme é o Vietnã”, disse.
Só para ter uma ideia das confusões ocorridas durante as locações nas Filipinas, o protagonista Harvey Keitel foi trocado na última hora por Martin Sheen, Coppola teve um ataque de nervos, Marlon Brandon quase não termina de gravar as cenas finais e Martin Sheen teve um ataque cardíaco.
Não dá para comparar filme e livro, mesmo porque, como alguém já disse O Coração das Trevas é inadaptável. O que ocorreu com Coppola e sua trupe foi uma inspiração na história de Conrad para uma nova construção, num novo formato. O filme ficou sensacional, mas livros serão sempre extraordinários, capazes de fazer nossa imaginação ir além, muito além do que qualquer outro formato é capaz de nos levar.
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